Como vivemos em um mundo de percepções, nos acostumamos a observar e a viver num modelo de vida em que aprendemos a não nos questionar e, por este motivo a também não pensar que podem existir outras possibilidades. Esse modelo está, de certa forma, enraizado na nossa cultura. Foi construído a partir de nossas experiências individuais e únicas com nossas famílias e comunidades. Na verdade, construímos percepções de vida e do ambiente no qual crescemos e aprendemos sem a orientação necessária que nos faça perceber e compreender. Refletir sobre isso parece difícil, mas o resultado será despertador. Não argumento que nos ensinaram errado, digamos que faltou foco, forma e compreensão. Isso é norma; habitualmente aprendemos mais tarde, cada um no seu próprio tempo.
A paciência em nos ensinar, quando crianças e jovens, sobre a importância do questionamento e das relações com outros humanos nos traz emocionalmente uma série de vantagens, que não cabem serem discutidas neste texto. Mas a parte boa é que nunca será tarde para aprender. O refletir, o questionar e o raciocinar são atributos que. quando agregados a uma ação ou a uma tomada de decisão, permite-nos arriscar mais e errar menos. Ampliemos o nosso estado de observação para instigar a mente a pensar em várias alternativas e/ou possiblidades. A quebra dessa barreira limitadora que impomos a nós mesmos, sem percebermos, quando bem e emocionalmente administrada, aumenta a criatividade, traz a alegria e nos enche de confiança.
Somos, e seremos sempre, frutos de tudo o que nos cerca, seja para o bem ou para o mal, pois crescemos dependentes das relações humanas, causa imediata de nosso crescimento. Sozinhos numa ilha deserta, pouco desenvolveríamos. Isso porque agimos com base no que foi aprendido e na forma como nos moldamos, seja para a sobrevivência, para a defesa e/ou por qualquer outro motivo. Partindo dessa premissa, cada pessoa tem a sua visão única e particular do mundo e, desta forma, percebe-o e dá significado às suas próprias experiências classificando-as como positivas ou negativas.
Devemos aprender e nos permitir perceber a existência de diversas outras possibilidades e alternativas que podem encaixarem-se melhor para a solução de um problema; algo que ocorre somente com a maturidade. Isso porque é decorrente da reforma íntima, ou seja, do exercício inexorável do autoconhecimento. Somente por meio desta busca interna é possível encontrar a luz. Para quem gosta de filosofia, sugiro a leitura do livro “A República”, de Platão, principalmente o capítulo do Mito da Caverna.